Desatou-se uma polêmica na França e que envolve o rabino de Paris, Gilles Bernheim, de 60 anos, e a quem Bento XVI havia citado há
alguns meses por seu ensaio “O que muitas vezes esquecemos de dizer”, dedicado
aos temas do casamento e da adoção entre pessoas do mesmo sexo. Bernheim teve que
reconhecer, agora, que eram fundadas as acusações de plágio, pois teria copiado
de outros autores parágrafos inteiros publicados em seus livros. E, além disso,
acrescentou-se uma circunstância pouco edificante. Ao constatar os fatos,
descobriu-se que o doutorado em Filosofia que aparece em todos os seus
currículos, na realidade, não existe: Bernheim nunca esteve
inscrito em nenhuma prova de exame para obter esse título acadêmico na França.
A reportagem é de Giorgio Bernardelli e publicada no
sítio Vatican Insider, 10-04-2013. A tradução é do Cepat.
A acusação de plágio surgiu com a denúncia de um blogueiro, que
descobriu que em seu livro de 2011 “Quarenta meditações hebraicas” havia
passagens inteiras, sem indicação da fonte, do livro/entrevista do filósofo Jean-François
Lyotard. Depois de tê-lo negado em um primeiro momento, Bernheim havia
se justificado dizendo que, por falta de tempo, havia encarregado, “apenas
desta vez”, a tarefa de redigir o livro a um de seus colaboradores. O problema
é que não parece tratar-se de um episódio isolado: com o passar do tempo
descobriu-se que inclusive algumas partes do ensaio sobre o argumento dos
casamentos entre pessoas do mesmo sexo teriam sido copiadas de reflexões de
alguns escritores católicos, entre as quais figura um livro do padre
Joseph-Marie Verlinde. O que piorou ainda mais a situação foi a notícia do
doutorado em Filosofia inexistente, como confirmou o próprio ministro da
Instrução.
Originário da Savoia, guia da comunidade judaica europeia mais
importante desde 1º de janeiro de 2009 e nomeado Cavaleiro da Legião de Honra
por Nikolas Sarkozy, Gilles Bernheim foi
“descoberto” no mundo católico quando Ratzinger – no discurso que pronunciou na Cúria Romana em 21 de dezembro passado
– citou seu ensaio e o definiu como “um tratado cuidadosamente documentado e
profundamente comovedor” sobre os problemas antropológicos postos pela “ideologia de gênero”.
Agora, Bernheim terá que ajustar as costas com fortes
pressões na comunidade judaica francesa e poderá inclusive ter que deixar o
posto (1). Contudo, por enquanto, não parece ter a intenção de renunciar, como
ele mesmo explicou em uma entrevista à Rádio Shalom, da comunidade
judaica francesa: “Renunciar por uma questão pessoal seria uma deserção –
declarou. Na minha vida privada, assim como na vida pública, sempre fui um
homem que assumiu suas responsabilidades. Tenho algumas culpas. A história do doutorado, os plágios nos livros
são fatos importantes e graves. Mas não cometi nenhuma culpa no cumprimento das
minhas funções de rabino. E isto, espero, ajudará a restabelecer a confiança na
minha pessoa”. [SIC! SIC! SIC!]
Nota:
1.- Gilles Bernheim deixou o posto ao renunciar. (Nota da IHU On-Line)
Fonte: Unisinos
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