sábado, 19 de outubro de 2013

Profecias e revelações particulares: atitude correta diante delas: equilíbrio, cautela e abertura de alma (Parte 1)




Beata Ana Maria Taigi
Beata Ana Maria Taigi
O demônio – pai da mentira – como um moedeiro que normalmente só falsifica moedas de ouro e prata, já tem enganado muita gente mediante falsas aparições. Tornou-se, pois, mais do que nunca necessário saber discernir entre as falsas e as verdadeiras.

O fiel vigilante e bem instruído pode evitar a queda nas armadilhas do demônio, bem como aproveitar os auxílios especiais que a Providência proporciona à humanidade através das autênticas manifestações sobrenaturais.





*** * ***

Há muitas recentes aparições e revelações particulares atribuídas à Santissima Virgem, Santos, anjos e fenômenos supostamente sobrenaturais em diversas regiões do Brasil, bem como no Exterior.

Alguns leitores receberam impressos com mensagens que Nossa Senhora teria transmitido a videntes contendo supostas profecias.

O que pensar de tudo isso? –perguntam-nos eles.

Como discernir as revelações autênticas das falsas, evitando as ciladas que o demônio, pai da mentira, pode preparar nesta matéria?



Qual o papel das revelações particulares na vida da Igreja, inclusive as que contêm profecias?

Qual o grau de assentimento que o católico lhes pode dar?

São João Bosco
São João Bosco
Numa palavra, o que ensina a Igreja a esse respeito?

A revista “Catolicismo” publicou há já alguns anos matéria muito esclarecedora.

Digamos desde logo que não vamos ser exaustivos em matéria tão vasta, limitando-nos a reproduzir neste artigo alguns comentários e observações de conceituados autores e especialistas (1).

Obviamente, tampouco nos pronunciaremos sobre a autenticidade dos casos recentes, no Brasil ou no estrangeiro, de presumíveis revelações e outros fenômenos místicos extraordinários.

Com efeito, essa matéria é da alçada das autoridades eclesiásticas competentes, as quais muitas vezes demoram anos em se manifestar, após exaustivas investigações para verificar a autenticidade das revelações em questão (2).

Origem de grandes devoções

Ao longo da História da Igreja, as revelações autênticas, e outros fenômenos místicos extraordinários, têm sido fonte e alimento de grandes movimentos de piedade.

Dictionnaire de Spiritualité lembra que “poderosos movimentos de piedade se viram desencadeados ou alimentados por revelações particulares de uma vasta repercussão eclesial”. E cita como exemplo as devoções ao Sagrado Coração de Jesus e à Nossa Senhora.

São João Evangelista
São João Evangelista
Essas devoções alcançaram uma expressão histórica e um impulso “que certamente não teriam tido” sem as revelações de Santa Margarida Maria Alacoque sobre o Sagrado Coração, e as grandes aparições mariais do século passado e deste século, como Lourdes e Fátima.

A mencionada obra qualifica como “considerável” a influência dessas revelações na vida da Igreja. E acrescenta que “o valor delas aparece confirmado” pelo fato de que conduzem os fiéis à fé, à oração, aos sacramentos, especialmente à Eucaristia, como se pode observar nos lugares de grandes aparições mariais (3).

Escapulário do Carmo, Medalha Milagrosa

Além de ser fonte e alimento de devoções como as do Sagrado Coração, e de Nossa Senhora sob as invocações de Lourdes e Fátima, outras revelações têm estado na raíz de magníficas devoções como o escapulário carmelita e a Medalha Milagrosa.

É o que lembra o Cônego Auguste Saudreau, que numa de suas obras faz uma exposição sintética, mas muito densa, de “algumas revelações que produziram maravilhosos frutos na Igreja”.

Afirma ele: “A devoção ao escapulário do Monte Carmelo, que foi para um tão grande número de almas um meio de salvação e do qual numerosos milagres demonstraram a maravilhosa eficácia, tem por origem a revelação feita a São Simão Stock. O mesmo se deu quanto à devoção ao escapulário da Imaculada Conceição, ao da Paixão, à Medalha Milagrosa”.

E com admiração e entusiasmo se refere a tais revelações suscitadas pela Providência: “Quantas graças de proteção, de conversão, de progresso na piedade se devem a tais práticas, que tiveram como ponto de partida revelações!” (4).

Importante para a edificação dos fiéis

São Luís Maria Grignon de Montfort, estátua na basílica vaticana
São Luís Maria Grignon de Montfort, estátua na basílica vaticana
Diante de tantos frutos de devoção, não estranha que o Pe. J.-H. Nicolas OP afirme que as revelações autênticas provocam no povo cristão “um choque salutar”, e que por isso devem ser consideradas como “providenciais” (5).

O conceituado Pe. Augustin Poulain SJ -- especialista no tema da mística, e ele próprio um místico -- assevera de seu lado que as revelações particulares autênticas são “muito úteis”:

 “É claro que as revelações ou visões que são de origem divina estão isentas de perigo e são muito úteispois a graça só age para nosso bem, e quando é de ordem tão extraordinária, não pode ser destinada a um bem que seja medíocre” (6).

O Pe. Arintero OP constata que as revelações privadas são “utilíssimas para a edificação dos fiéis, e mesmo de toda a Santa Igreja” (7).

O Pe. Iturrioz SJ acrescenta que as “intervenções sobrenaturais” refletem “a providência e, por assim dizer, a política sapientíssima de Deus” (8).

E o teólogo francês Pe. Forget afirma que as aparições, “longe de serem inúteis ou indignas de Deus”, “elas apresentam grandes vantagens”, “testemunham a bondade do Criador”, e “são para o homem um dos meios de conhecer seguramente a religião revelada” (9).



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