Uma
reflexão muito atual
Diálogo
sugestivo, perdido na noite dos tempos (entre
1643 e 1715!)
Eis
um diálogo, colhido da peça teatral "Le Diable Rouge", de Antoine
Rault, que, teria transcorrido entre os personagens Colbert e Mazarino,
durante o reinado de Luís XIV, em pleno século XVIII. Apesar
dos séculos decorridos, parece bem atual.
Colbert:- Para
arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é
possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é
possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…
Mazarino:- Um
simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas e não consegue
honrá-las, vai parar na prisão. Mas o Estado é diferente! Não se pode
mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos
os Estados o fazem!
Colbert:- Ah,
sim? Mas como faremos isso, se já criamos todos os impostos imagináveis?
Mazarino:-
Criando outros.
Colbert:- Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino:- Sim, é impossível.
Colbert:- E sobre os ricos?
Mazarino: - E sobre os ricos, também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta, faz viver centenas de pobres.
Colbert: - Então, como faremos?
Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um caipira, um quadrúpede peludo! Há uma massa enorme de gente que está entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!
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